Lixo é Arte? É! Um projecto MARAVILHOSO de VIK MUNIZ ao ar livre: sábado, 22h - LIXO EXTRAORDINÁRIO. Mesmo!

CLAUSTROS DO MUSEU MUNICIPAL

Sócios - 2€ (caderno de 5 senhas, 10€)
Não-Sócios - Estudantes 3,5€ / Restantes 4€



O filme tem um efeito arrebatador por juntar arte e lixo, elementos quase opostos, não só pelo valor estético, mas também por sua representação social.
O Globo

Filmado extraordinariamente, este retrato de trabalhadores pobres, mas orgulhosos e cheios de recursos, tocou o coração de todos os que o viram.
Empire

Um filme surpreendente que mostra como a arte pode afectar a vida de um grupo de catadores no maior aterro do mundo no Rio de Janeiro.
LA Times


As sequências dos catadores a trabalhar são fascinantes. A música original de Moby transmite de forma assombrosa as características do local.
Variety

Vê-se com alegria, apesar de toda a miséria que é filmada. Não é um simples documentário sobre o trabalho de um artista e apela enormemente à emoção do público.
The Hollywood Reporter

O lixo de um homem é a arte de outro. Esta é a lição do fascinante documentário Lixo Extraordinário, um retrato de Vik Muniz, um artista de sucesso nascido no Brasil, mas radicado em Brooklyn.
New York Post

Lixo Extraordinário é um filme sobre reciclagem, mas é muito mais espantoso que os ditos eco-documentários. No centro da narrativa estão os catadores de lixo e a forma como um artista criou retratos maravilhosos de uma dúzia desses catadores e lhes transformou as vidas.
San Francisco Chronicle

Que um filme belo possa ser filmado na maior das lixeiras parece um oximoro, mas o aclamado documentário de Lucy Walker consegue exactamente isso. A realizadora segue o trabalho do aclamado fotógrafo Vik Muniz num projecto ambicioso: ir para o Jardim Gramacho, a maior lixeira do mundo a céu aberto, e fotografar os catadores de materiais recicláveis e depois trabalhar com eles na transformação dessas fotografias em retratos feitos a partir de materiais recicláveis. O seu objectivo é inspirar estes catadores de forma a que eles se vejam a si mesmos de uma nova forma e até mesmo repensarem as suas vidas.
Los Angeles Times


PRÉMIOS E PARTICIPAÇÕES EM FESTIVAIS
Oscars - Nomeado Para Melhor Documentário
Festival de Berlim - Prémio do Público, Prémio da Amnistia Internacional
Festival de Sundance - Prémio do Público
Festival de Paulínia - Prémio do Público, Prémio Espacial do Júri
Festival de Durban - Prémio Melhor Documentário, Prémio do Público, Prémio da Amnistia Internacional
Festival de Seattle - Prémio Golden Space Needle – Melhor Documentário
Princeton Environmental Film Festival - Melhor Filme
Frozen River Film Festival - Prémio do Júri
Festival de Estocolmo - Silver Audience Award
Festival de Documentário de Amesterdão - Prémio do Público
Mostra Internacional de São Paulo Internacional - Prémio Itamaraty de Melhor Documentário
Festival do Rio - Première Brasil Hors Concours
Festival de Provincetown - Prémio Hbo do Público - Melhor Documentário
Festival de Dallas - Prémio Target Film Maker - Melhor Documentário


Lixo Extraordinário: "Ruim não é ser pobre,...
... ruim é ser rico no mais alto degrau da fama com a moral coberta de lama": Um documentário que mostra como, entre o lixo e o luxo, só muda mesmo a vogal.

É a última estação, o culminar do caminho, o fim da picada. É a terra do desperdício, paraíso das moscas, dos fungos e da sarna. É o mais deprezado e agoniado dos solos, imerso em cheiros nauseabundos, podridão, sobras, e foras-de-prazo. Dos urubus pairando. Dos vultos catando lixo, despojos dos dias, sobras dos outros e sobrevivência. É o maior aterro da América Latina (nos arredores do Rio de Janeiro), onde são despejadas oito toneladas de lixo, diariamente, e onde foi rodado o multipremiado documentário anglo-brasileiro (nomeado para os Óscares da 83ª edição), Lixo Extraordinário, co-realizado pela inglesa Lucy Walker e pelos brasileiros João Jardim e Karen Harley. E nesta terra de aparente esterilidade o documentário vai em busca de fecundação, e segue o processo criativo de Vik Muniz, o artista plástico brasileiro, que das suas origens humildes em S. Paulo "virou" uma das estrelas mais bem cotadas nas galerias nova-iorquinas.

E de repente, tudo muda, tudo se transforma e recria. Lixo Extraordinário é um filme sobre o processo criativo de um artista, que incorpora materiais (neste caso lixo) nas suas fotografias? Claro que sim. Também é um filme ambientalista. E sobretudo humanista. Mas é antes de tudo um filme sobre o poder transformador. Da arte. Das pessoas. Do lixo reciclável. E o nosso próprio olhar enquanto espectador transforma-se. Afinal aquilo que eram montanhas de decomposição, insalubridade e objectos desvalidos tornam-se em acumulação de coisas potencialmente valiosas. O que parecia miséria (não deixa de ser) mas pode ser olhado com "empreendedorismo". O ordinário torna-se extraordinário. O inútil torna-se útil - e torna-se inútil outra vez, nas composições de Vik Muniz, porque a inutilidade é a essência de toda a arte. E os catadores, vultos curvados e miseráveis, já são uma espécie de garimpeiros de material reciclável, profissionais altamente especializados que distinguem seis tipos de plásticos só pela forma como eles soam quando se aperta. São ecologistas, politizados alguns, inteligentes, com histórias de vida incríveis, e que fizeram uma escolha de dignidade: a de trabalharem em defesa do meio ambiente, "em vez de andarem na prostituição ou no tráfico". Na verdade, eles são Suelem, Ísis, Zumbi, ou o senhor velhote (morreu antes do filme estrear) que dizia frases fantásticas como a do alto da página. E argumentava sempre que uma lata é importante: "Porque o negócio é o seguinte, dezanove não são vinte". E Tião, o carismático presidente da associação de catadores que lê livros surpreendentes que encontra na lixeira, como O Príncipe de Maquiavek ou Niestsche. E que depois do filme e da venda de milhões de dólares do quadro com a sua fotografia (na pose do revolucionário Marat, morto na banheira) se tornou uma espécie de consultor da reciclagem, fundador de vários pólos e 200 cooperativas no Brasil inteiro.


E, subitamente, encontramo-nos no lugar da utopia, onde a arte pode de facto mudar o mundo. Num lugar conceptual mas muito materialista ao mesmo tempo, porque aqui a tese e a antítese realmente se fundem e não existem classes sociais: o lixo todo se junta, "vem da mansão do rico ou da favela do alemão". E parece, comenta Vik à VISÃO que se completa aqui um ciclo: "Todas as coisas começam num lugar comum que é natureza, depois transformam-se, cumprem a ideia de função e de propriedade, pertencem a pobres ou a ricos, mas acabam todos no mesmo lugar comum, que é a lixeira". Vik sempre sentiu este fascínio pelo lixo, um pouco "obcecado", confessa, "por aquilo que deixa de ter valor": "Uma sociedade pode-se definir por aquilo que produz, mas também por aquilo que joga fora". Uma vez, nos anos 90, viu um computador "jogado" no lixo. "Fiquei impressionado, afinal hoje em dia a curva da novidade se faz com tal rapidez.... Dantes, a função ritual de um objecto durava gerações, passava de pai para filho, ficava impregnado da história de quem o usava. Com a produção massiva, o valor do objecto diminuiu e faz até um circuito à escala global. O sistema de recuperação de um objecto pode ser planetário. Num menino de África vê-se a camiseta de um garoto de classe média de Nova Iorque, ténis do Canadá nos pés de um cambodjano. Antigamente provavelmente passariam para o irmão mais novo... Olho muitas vezes a sucata e tento traçar no trajecto do objecto até chegar ali".

Andar mais de um ano no "lixão" (a concretização do documentário durou três) não foi fácil... Para Vik e para a equipa de rodagem. Sobretudo a se acostumarem ao cheiro. "Mas nada demais, não dá para sobrevalorizar, faz parte do trabalho, se quisesse outra coisa ia para um escritório", diz à VISÃO João Jardim, um dos co-realizadores. Pelas "personagens incríveis" que encontrou naquele lugar, acredita mesmo que "o mundo está ficando tão louco e inusitado, que as pessoas têm as experiências mais estranhas, e a realidade ficou mais rica do que a ficção". E garante que "encontrar beleza no feio" não foi só "questão de enquadramento". Existe mesmo beleza e horror. Explica Vik: "Primeiro fica-se lá um tempo, e há o cheiro, o barulho, o desconforto e uma situação de agnosia. É tudo demasiado confuso, o olhar não consegue pousar em lugar nenhum. Porque o lixo não é definível, é algo entre a matéria e o objecto. É difícil para nós pensar na decomposiçãoo e na entropia, é contra-intuitivo, é mais fácil varrer para debaixo do tapete. Mas torna-se muito desafiante".

Vick saiu do Brasil de uma forma muito brasileira. Ia tentar separar uma briga alheia, acabou "pegando um tiro". Com o dinheiro da indemnização fez uma viagem aos EUA para aprender línguas. Pensou passar um fim de semana, ficou 28 anos. Tornou-se artista de fama mundial. "Nova Iorque é um óptimo sítio para se fazer arte, mas enquanto cidadão é o Brasil que me completa", sobretudo depois das mudanças sociais e culturais alcançadas pelos últimos mandatos presidenciais. "Eu tenho a nítida sensação de que tenho mais do que preciso e então tento encontrar outras formas de felicidade". Que passam por este tipo de projectos sociais no Brasil. Onde trouxe os próprios catadores para dentro do processo criativo. Porque o que o mais impressionou foi "a humanidade das pessoas, independentemente do lugar onde elas estão. Mesmo no lugar mais difícil e confuso do planeta, a dignidade humana resiste. Essas pessoas formidáveis que encontrámos na lixeira não se transformaram pela arte. Elas já a tinham dentro delas. Elas apenas se revelaram".
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Ana Margarida de Carvalho, Visão



INCLUI DECLARAÇÕES DO REALIZADOR

Já passaram mais de três anos desde que o artista plástico brasileiro Vik Muniz entrou pela primeira vez no aterro sanitário do Jardim Gramacho, o maior do mundo, que recebe todos os dias mais de 7 mil toneladas de lixo, 70% dos detritos que o Rio de Janeiro produz, e ainda hoje se lembra do "ataque aos sentidos" que foi esse contacto: "O cheiro é absolutamente insuportável, o barulho é incrível e sentimo-nos um pouco autistas, porque o lixo é tanto que não temos onde descansar os olhos", disse ao DN numa entrevista telefónica.

Muniz, um dos maiores artistas contemporâneos do Brasil, conhecido por trabalhar com materiais pouco tradicionais, desde diamantes e corder até chocolate e açúcar, foi para o Gramacho com uma equipa de filmagens, para criar quadros fotográficos usando o lixo como matéria-prima, em colaboração com os catadores que seleccionam os materiais recicláveis do entulho e os vendem para sobreviver. Dessa experiência resultou «Lixo Extraordinário», de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley, vencedor do Prémio do Público no Festival de Sundance e nomeado para o Óscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem.

"O lixo é tudo o que ninguém quer", explica o artista. "Se por exemplo, trabalhamos com um material como o diamante, ele já vem com uma conotação estética e de valor e prazer. Mas o lixo, além de ninguém o querer, já tem uma tendência para a invisibilidade, porque é uma coisa que estamos a querer esconder."

Muniz retratou com lixo 7 dos cerca de 3500 catadores que todos os dias se afadigam no aterro do Gramacho, tornando-os nos protagonistas do seu trabalho. "Foi um trabalho cooperativo único, uma colaboração do artista com o tema. Os retratados foram também retratistas", explica. E continua: "Perguntam-me muito como é que escolhi aquelas 7 pessoas entre os milhares que trabalham naquele purgatório. Quem chegou ali normalmente tem uma história muito tocante. Aquelas pessoas já tiveram uma situação melhor, são em geral da classe média baixa e por causa de uma morte na família, ou do desemprego, foram aí parar. Mas podiam ter ido parar ao crime, à droga ou à prostituição, e isso não sucedeu. São pessoas fascinantes por essa razão. Ali há muita dignidade, eles são orgulhosos, o que os levar a lever o dia-a-dia. Por isso, conseguimos uma variedade muito grande de gente e histórias, com uma enorme qualidade humana."

Esta colaboração, contretizada em 7 retratos depois expostos no Rio e em cidades como Londres, onde foram vendidos para angariar dinheiro, mudou de a vida de alguns dos 7 retratados, como conta o artista: "Uns compraram casas, outros deixaram o aterro. A Associdação de Catadores ficou com as finanças em dia. Comprámos equipamento para ela e hoje é uma associação-modelo, patrocinada pelo Instituto Coca-Cola, por exemplo." O filme, a forma como beneficiou os catadores, e os projectos sociais que originou tiveram tal repercussão na Brasil, que levou à aprovação pelo Presidente Lula, de uma nova e mais avançada lei dos resíduos sólidos.
"A vida daquelas pessoas mudou e a minha também", diz Vik Muniz. "O efeito que esta trabalho teve em todas as pessoas foi incrível. isto dá validade a todo o meu trabalho e mudou toda a minha maneira de pensar."
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Eurico de Barros, Cinema2000


A EQUIPA

VIK MUNIZ
Vik Muniz nasceu numa família da classe operária em 1961, no estado de São Paulo, Brasil. Quando era jovem, foi baleado na perna enquanto tentava separar uma luta e recebeu uma indemnização pelas lesões sofridas. Com o dinheiro, financiou uma viagem a Nova Iorque, onde acabou por se radicar e trabalhar. Vik começou a carreira de artista plástico como escultor, mas à medida que se ia interessando pelas reproduções fotográficas do seu trabalho, acabou por se dedicar exclusivamente à fotografia. Ele incorpora uma multiplicidade de materiais improváveis nos seus processos fotográficos. Frequentemente Vik utiliza diamantes, açúcar, cordas, calda de chocolate e lixo nos seus trabalhos, trabalhando sobre imagens clássicas do fotojornalismo e da História da Arte. A sua obra aclamada pelo público e pela crítica tem sido exibida em todo o mundo. A sua exposição individual no MAM (Museu de Arte Moderna), no Rio de Janeiro, foi a segunda mais vista, ficando atrás apenas da exposição de Picasso. Foi no MAM que Vik expôs pela primeira vez a série "Pictures of Garbage” no Brasil.

FABIO GHIVELDER
Colaborador e director do estúdio de Vik Muniz no Rio de Janeiro, Fabio Ghivelder foi fundamental na série de trabalhos apresentados em Lixo Extraordinário. Fabio foi responsável pela identificação do Jardim Gramacho como o local para Vik criar as suas obras. Foi também responsável por estabelecer contacto com os catadores antes da chegada da equipa e por lidar com os funcionários da Comlurb e do Jardim Gramacho. Foi o mentor da criação do novo estúdio no Rio e o conselheiro de Vik em todos os aspectos criativos do projecto.

OS CATADORES

TIÃO (SEBASTIÃO CARLOS DOS SANTOS)
Tião é o carismático jovem presidente da ACAMJG (Associação de Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho), uma cooperativa que tem por objectivo melhorar a qualidade de vida dos catadores. Inspirado pelos textos políticos de livros que encontrou no lixo (O Príncipe, de Maquiavel; A Arte da Guerra, de Sun Tzu) Tião teve que convencer os colegas de trabalho de que a organização poderia fazer a diferença. Ele é catador desde os 11 anos de idade.

ZUMBI (JOSE CARLOS DA SILVA BALA LOPES)

Zumbi é o intelectual da lixeira. Quando encontra um livro, ele não vê apenas a reciclagem de papel. Já montou uma biblioteca na sua casa e começou a emprestar livros à comunidade. Zumbi faz parte do conselho deliberativo da ACAMJG e trabalha no Jardim Gramacho desde os nove anos.


SUELEM (SUELEM PEREIRA DIAS)
Suelem trabalha na lixeira desde os sete anos. Aos 18, já era mãe de três filhos. Ela acha o trabalho em Gramacho mais honesto do que ser prostituta ou estar envolvida no tráfico de droga. Suelem adoraria trabalhar numa creche ou mesmo poder ficar em casa com os seus filhos.

ISIS (ISIS SIS RODRIGUES GARROS)

Isis adora moda e odeia “catar” lixo. A determinada altura revela-nos o drama que a levou a trabalhar na lixeira.

IRMA (LEIDE LAURENTINA DA SILVA)

Irma é a cozinheira da lixeira, que cozinha o prato do dia a partir dos ingredientes mais frescos que encontra no Jardim Gramacho.

VALTER (VALTER DOS SANTOS)

Valter era o “catador” mais velho do aterro, faleceu logo após conhecer Vik. Perito em reciclagem, era conhecido pelas suas rimas e lições de moral.

MAGNA (MAGNA DE FRANÇA SANTOS)

As dificuldades de Magna começaram quando o marido perdeu o emprego. Apesar de ainda a chatear que as pessoas a olhem de lado por causa do mau cheiro que exala ao final de um dia de trabalho, ela orgulha-se de viver a vida de forma honesta.




Realização: Lucy Walker , João Jardim, Karen Harley
Montagem: Pedro Kos
Fotografia: Dudu Miranda
Com: Vik Muniz, Fabio Ghivelder, Isis Rodrigues Garros, José Carlos da Silva Baia Lopes (Zumbi),
Sebastião Carlos dos Santos (Tião), Valter dos Santos, Leide Laurentina da Silva (Irmã),
Magna de França Santos, Suelem Pereira Dias
Música: Moby
Origem: Brasil/ Reino Unido
Ano: 2010
Duração: 99’
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Reservas até às 17h do dia da sessão: ccf@cineclubefaro.com (levantar até às 21h45)
Comprar para qualquer sessão (na sede ou nas sessões – bilheteira abre às 21h30)
Abertura das portas do recinto: 21h45

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