ALÉM DE TI, JOÃO MARCO, mas contigo na sessão JOÃO MARCO! 3ªf, 5, 21h30, IPJ.

"Além de Ti" é um filme elaborado de forma independente que foi inteiramente rodado no Algarve, sobretudo em Faro, entre o inicio de Agosto de 2011 e o final de Setembro do mesmo ano. A obra cinematográfica teve a sua ante-estreia no dia 28 de Janeiro de 2012, no auditório da Biblioteca Municipal de Faro, tendo sido bastante bem recebido pelos presentes.

"Além de Ti" é realizado por João Marco ("Borboleta"), através do argumento do próprio, e conta no elenco com Mário Spencer, Joana Costa, Sofia Reis, João Machado, Nuno Faísca, Nuno Murta, Adelaide Fonseca, João Jonas e Pedro Monteiro.

No FESTin, "Além de Ti" irá encontrar a concorrência de "A Antropóloga" de Zeca Nunes Pires, "Amor?" de João Jardim, "Amores Imperfeitos" de Márcio de Lemos, "As Mães de Chico Xavier" de Glauber Filho e Halder Gomes, "Clara di Sabura" de José Lopes, "E Amanhã" de Bruno Cativo, "Febre do Rato" de Cláudio Assis, "Luz nas Trevas - A História do Bandido da Luz Vermelha" de Helena Ignez e Ícaro MLinkartins, entre outros.

De salientar, que "Além de Ti" já foi alvo de um interessante artigo no Cinema Fantastique, um site francês que tece os mais rasgados elogios ao trabalho de João Marco e abre o apetite do espectador para aquilo que o espera. Podem ler o dito artigo no seguinte link.

A produção de "Além de Ti" ficou a cargo da FURY n'Dust e da te-Atrito. Marquem nas vossas agendas, "Além de Ti" estará em exibição no Cinema São Jorge no dia 13 de Maio às 16h, na sala Manoel de Oliveira. Podem acompanhar as novidades mais recentes sobre o filme na página de "Além de Ti" no Facebook: https://www.facebook.com/Alem.de.Ti.Longa.Metragem
..
Aníbal Santiago, bogiecinema.blogspot.pt


“Além de Ti” , muito afastado daquele cinema português que vive atolado em algum pântano vanguardista dos anos 70, consegue, além de tudo, dar um ar de modernidade ao panorama luso.

“Além de Ti”, uma das duas longas metragens portuguesas presentes no FESTin, não tem nos créditos o nome do editor nem do diretor de fotografia. A música da cena mais bela do filme – a da dança de tango – também não está assinada. A razão: é tudo obra da mesma pessoa – o argumentista, produtor e realizador João Marco, que teve o bom senso e a humildade de perceber que se tudo isso estivesse lá registado pareceria de uma megalomania egocêntrica insuportável. E o resultado disto tudo poderia ser um desastre. Mas não é.

“Além de Ti”, muito afastado daquele cinema português que vive atolado em algum pântano vanguardista dos anos 70, consegue, além de tudo, dar um ar de modernidade ao panorama luso com uma montagem ousada, efeitos visuais interessantes, uma fotografia diversificada. João Marco não parece ter tido medo de errar. E completou seu filme com uma exuberante panóplia de arte – há música, dança, artes plásticas, cartoons. Um verdadeiro “who is who” do panorama artístico algarvio.

O problema principal prende-se com a história. Um empreendimento desenvolvido em tais condições deveria ter contado uma história mais simples – ao invés deste labirinto lynchniano cujo fio narrativo perde-se – deliberadamente – e confunde mais do que remete para uma interpretação simbólica. Mas, no todo, um bom filme, que deveria ser distribuído – até para servir de exemplo para a apatia e a falta de imaginação reinantes, tanto do ponto de visto artístico quanto da captação de recursos. Destaque para o belo trabalho da atriz novata Joana Costa.

Roni Nunes, c7nema.net



O português João Marco partiu de uma folha em branco, de uma lista telefónica vazia e de algumas boas ideias para chegar à competição de longas-metragens do FEStin com “Além de Ti”, um filme genuinamente independente que vale pela sua cinematografia contemporânea e de atenção ao detalhe.

É importante deixar bem claro do que estamos a falar: “Além de Ti” tem uma produção modesta, ou seja, tem, além de um elenco amador mas sincero, tremendas limitações técnicas. Estes problemas não são secundários, é certo, mas até lhe dão um certo charme e por isso não vale a pena (não vale mesmo!) olhar o filme pelos óbvios aspectos negativos.

Esta é a história de Tomás - artista que virou cartoonista - e Sofia, um casal feliz até ao momento em que a pressão financeira leva o seu marido a deixar-se levar pelos medos e demónios associados a uma vida a dois.

João Marco confessa ao Hardmusica que este é um filme “sobre nós próprios, todos temos medos e ansiedades, aqui representadas no seio de um casal”. A história desenrola-se num plano quase abstracto, por vezes pouco sustentado por diálogos meio incoerentes, onde se personificam esses medos e as reacções.

É possível associar aspectos do trabalho do realizador algarvio a cineastas de topo: a narrativa misteriosa e simbólica de David Lynch; o manifesto físico dos problemas psicológicos de Darren Aronofsky e a sucessão caótica de planos de Andrea Arnold.

Estas alusões não têm o intuito de denegrir o trabalho feito, muito pelo contrário: “Além de Ti” é um filme bem arrojado, longe do simplismo típico do cinema industrial português, e que vale por si mesmo.

“Quando falamos em cinema independente a malta foge, logo. Se não tivermos actores com nome ninguém quer saber do nosso trabalho”, atira João Marco. Este tem inclusive a certeza de que “com outros actores e com outra produção, o mesmo filme, filmado por mim da mesma forma teria de imediato outra projecção”.

Provavelmente, não anda muito longe da verdade. “Além de Ti” é difícil de seguir mas tem muito por onde se pegar. Há muito trabalho de fotografia e planos muito inteligentes. Contudo, é independente, e para Marco o maior obstáculo deste tipo de cinema passa por combater “a indústria”, que surge no seu discurso como uma espécie de barreira quando algo tenta ir mais além que a fórmula de lucro garantido.

Não tem complexos na hora de admitir que a sua obra tem falhas, “o filme podia estar melhor, claro que podia" embora reitere que para fazer as coisas de uma forma melhor, é preciso dinheiro, e que esse está mal distribuído: "É muitas vezes entregue a pessoas que não o justificam. Não é estar a falar bem ou mal, é constatar a realidade".

Quando à ideia de que o cinema que temos é aquele que as pessoas procuram, diz que isso "é uma falácia, a própria indústria define a piori aquilo que vende e o que não vende, não dando sequer oportunidade às pessoas de verem coisas diferentes. Não são poucos os exemplo de grandes filmes, com conteúdo mais complexo que se tornaram êxitos de bilheteira noutros países”, finaliza.

Há pessoas que gostam de fazer cinema, e não só de viver dele. Serão bem-vindas?

O filme concorre na competição de longas-metragens do FESTin 2012 - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, a decorrer no Cinema São Jorge.
.
in hardmusic.pt




Realização, Argumento e Montagem: João Marco
Produção Executiva: João Marco
Fotografia: João Marco
Interpretação: Mário Spencer, Joana Costa, Sofia Reis, João Machado, Nuno Faísca, Nuno Murta, Adelaide Fonseca, João Jonas e Pedro Monteiro
Música: Filho do Mundo, Droban-Apherna, Godai, Ricardo Gordo, Anibal Madeira, Migna Mala, Mian, Deep Coffee Nonsense
Origem: Portugal
Ano: 2002
Duração: 92'

Sem comentários: